Repensando nosso papel na sociedade

Sexta-feira, 26 de junho de 2009

Já parou para pensar que a sua vida pode desencadear mudanças profundas nas leis da cidade?Que a obstinação de um homem pode influenciar a vida de milhares de pessoas que ainda nem nasceram?
Fui ordenado ao ministério pastoral e desde então, trabalho com evangelização, missões e plantação de igrejas. Preguei centenas de sermões, participei de muitos congressos e seminários. Conto os anos e vejo que o meu futuro é mais curto que o passado e me pergunto: “Qual a pertinência do meu esforço? O fruto do meu ministério permanecerá?”.
Não pretendo terminar os dias desempenhando as funções sacerdotais como mero sacerdote que batiza, celebra ritos de passagem e enterra os mortos. Não almejo acomodar-me à função pastoral.
Percebo líderes tão ocupados com a máquina religiosa, que não dispõem de tempo para se aliarem aos oprimidos, que perpetua a injustiça. Poucos se atrevem a sair do conforto das catedrais para defender o meio ambiente.
Como pastor , inquieto-me com o massacre da teologia da prosperidade, que ocupa a maior parte do culto com promessas de bênção. O resultado é trágico.
Caso não mexamos com os conceitos fundamentais da teologia da missão, continuaremos repetindo fórmulas desgastadas. O tempo gasto das pessoas, os recursos financeiros aplicados, a mobilização de talentos, não podem ser desperdiçados.
Lamento o tempo perdido com a máquina religiosa. Fui absorvido por programações irrelevantes. Discuti ideias estéreis. O tempo é uma riqueza não renovável, portanto, resta-me lamentar tanto esforço para tão pouco resultado.
O mundo passa por mudanças radicais e as igrejas, se quiserem ser relevantes, precisam repensar seu papel na sociedade. Se não quiserem sucumbir à tentação de serem meros prestadores de serviços religiosos, os líderes religiosos precisam abrir mão de egolatrias tolas como o fascínio por títulos e fama. É tolice brincar de importante usando o nome de Deus.
O descrédito do cristianismo se tornou agudo . Urge que os líderes religiosos revejam os seus sermões e se questionem se pregam conceitos relevantes em uma sociedade profundamente injusta, cruel e opressiva. Não fazer nada custará muito à próxima geração. Mais jovens se fatigarão prematuramente. E os idosos morrerão com o gosto amargo de terem gastado a vida em vão. O que seria muito triste.

Contato: pastoredson@hotmail.com

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