Desigualdade e pobreza continuaram caindo no Brasil mesmo com crise, revela Ipea

Quinta-feira, 06 de agosto de 2009.

O Brasil conseguiu diminuir a pobreza e a desigualdade nas principais metrópoles, apesar dos reflexos da crise financeira internacional na economia. A constatação faz parte do estudo Desigualdade e Pobreza no Brasil Metropolitano Durante a Crise Internacional: Primeiros Resultados, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo analisou a evolução dos índices de desigualdade e pobreza no Brasil em seis regiões metropolitanas: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A expectativa de que a queda na produção e no emprego se repetiria em variáveis sociais, como ocorreu em outros períodos de crise, no entanto, não se confirmou.

Diferentemente do que aconteceu nos períodos de crise considerados no estudo – 1982 a 1983; 1989 a 1990; e 1998 a 1999, quando a inflexão econômica implicou aumento da pobreza nas regiões metropolitanas nacionais – não se observou crescimento na taxa de pobreza nem mesmo após o último trimestre de 2008, período em que os efeitos da crise internacional começaram a atingir o país.

Depois de ter aumentado entre agosto de 2002 e abril de 2003, a taxa de pobreza do Brasil metropolitano apresentou tendência de queda. Em março de 2002, 18,5 milhões de brasileiros estavam em situação de pobreza. Em junho de 2009 esse número havia baixado para 14,4 milhões. A diferença, de 4 milhões de pessoas, configura queda de 26,8% da taxa de pobreza, que passou de 42,5% para 31,1% no período.

Entre março de 2002 e junho de 2009, a região metropolitana que registrou maior queda no número de pobres (1,4 milhão) foi a do Rio de Janeiro, seguida por São Paulo (1,3 milhão) e Belo Horizonte (600 mil pessoas). Recife e de Salvador, que detêm as maiores taxas, retiraram da condição de pobreza 100 mil e 200 mil pessoas, respectivamente.

As regiões metropolitanas que diminuíram mais rapidamente a taxa de pobreza foram Belo Horizonte (35,5%), Porto Alegre (33,6%) e Rio de Janeiro (31,2%). Quedas menos intensas do que as da média nacional no período (26,8%) foram registradas em São Paulo (25,2%), Salvador (23,9%) e Recife (14,1%). Recife, por sinal, foi a região metropolitana com a mais alta taxa de pobreza em junho de 2009 (51,1%). Na outra ponta, está Porto Alegre, com a menor taxa (25,7%).

No conjunto das regiões analisadas, a taxa de pobreza caiu 2,8%, passando de 31,9% para 31%, na comparação entre outubro de 2007 a junho de 2008 e outubro de 2008 a junho de 2009. A maior queda ocorreu na região metropolitana de São Paulo (-3,9%), e a menor, na do Rio de Janeiro (-1,3%).Recife teve queda de 1,9%, Salvador e Porto Alegre, de 3,3%, e Belo Horizonte, de 3,5%.

Segundo o Ipea, as trajetórias convergentes de redução da desigualdade também não foram interrompidas nesse período, para o conjunto das seis regiões metropolitanas antes e durante a crise internacional. Se for feita uma comparação da média da desigualdade no período de outubro de 2007 a junho de 2008 com o de outubro de 2008 a junho de 2009, o índice de Gini [que mede o grau de distribuição da renda] apresentou queda de 0,4%, passando de 0,5044 para 0,5026. O índice é adotado pelo Ipea e varia de zero a 1, indicando maior desigualdade à medida que o valor se aproxima de 1.

Em junho de 2009, o índice de Gini ficou em 0,493, com o menor patamar nas seis regiões metropolitanas. Entre janeiro (0,514) e junho de 2009, o índice de Gini caiu 4,1%, a mais alta queda registrada desde o ano de 2002. Se o período analisado for de março de 2002 (0,534) até junho de 2009, a queda foi de 7,6%. Se for considerado o mês de mais alta medida de desigualdade, que foi dezembro de 2002 (0,545), a queda do índice até junho de 2009 foi de 9,5%.

Fonte - Agência Brasil

Pastoral da Criança lança nova campanha nacional

“Dormir de barriga pra cima é mais seguro”, esse é o tema da nova campanha nacional da Pastoral da Criança. O objetivo da campanha é ensinar aos pais a posição correta e mais segura para os bebês, de até um ano de idade, dormirem. Estudos mostram que colocar o bebê para dormir de barriga para cima pode reduzir em até 70% o risco de morte súbita. A morte súbita é o nome que se dá a morte de forma inesperada e sem explicação durante o sono. Essa é uma das maiores causas de morte de crianças nessa faixa etária.

Apesar de não ser muito discutido no Brasil, esse tema já é estudado desde 1991 em países como Estados Unidos e Inglaterra, lá a redução do índice de morte súbita já chegou a 95%. A ideia para a campanha surgiu a partir de estudos coordenados pelo Doutor Cesar Victora, doutor em Epidemiologia pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, pesquisador da UFPel e coordenador do Comitê de Mortalidade infantil da cidade de Pelotas-RS. A pesquisa do Doutor Victora mostrou que, no Brasil, apenas 21% das crianças menores de três meses de idade dormem de barriga para cima.

Segundo o Doutor Victora, existe a crença popular incorreta de que se o bebê dormir de barriga para cima pode aspirar o próprio vômito e se afogar, mas na verdade, ao deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar menos puro, ou seja, ele respira parte do ar que deveria ser eliminado e corre o risco de morrer asfixiado, já que nessa idade a criança ainda não tem o reflexo de mudar de posição se estiver sufocando.

Para os que temem que o bebê se engasgue com o vômito, pesquisas baseadas em evidências mostram que é reação natural do bebê tossir, então a chance de se engasgar é pequena, além disso, a tosse é uma forma de chamar a atenção dos pais que podem socorrer a criança a tempo. “É melhor engasgar do que morrer”, afirma o Doutor Victora.

A campanha “Dormir de barriga pra cima é mais seguro” foi lançada oficialmente no dia 22 de junho, na sede nacional da Pastoral da Criança, na cidade de Curitiba. Estavam presentes a Doutora Zilda Arns Neumann, Fundadora da Pastoral da Criança, e representantes das entidades que estão apoiando a Pastoral, como a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Ministério da Saúde e o UNICEF.

De acordo com Danuza Santos, coordenadora da assessoria de comunicação externa da Pastoral da Criança, a campanha é uma questão de mudança de paradigma, por isso pode chocar no início, apesar de, por enquanto, não ter havido muita resistência. “Não há prazo para o fim da campanha, é uma campanha pra vida toda, vai ser como a do soro caseiro que a pastoral já faz há tanto tempo”, explica Danuza. A meta da Pastoral é conseguir resultados significativos nos próximos dois anos.

A Arquidiocese do Rio de Janeiro já aderiu à campanha mesmo antes do lançamento oficial. Segundo Lúcia Maria, coordenadora da Pastoral da Criança no Rio de Janeiro, desde fevereiro, a Pastoral vem fazendo parcerias com os postos de saúde e hospitais, além das visitas as famílias para divulgar a campanha e ensinar a posição correta e mais segura para o bebê dormir. E de acordo com Lúcia Maria, já foram observados resultados positivos.

A Pastoral da Criança realiza ações de promoção do desenvolvimento infantil e de melhoria da qualidade de vida, que só são possíveis graças ao trabalho voluntário. A trajetória da Pastoral é cheia de excelentes resultados e histórias de conquistas, superação das dificuldades e transformação social. O objetivo da Pastoral da Criança é mostrar que a sociedade organizada é capaz de buscar soluções para seus problemas. Mais informações sobre a campanha “Dormir de barriga pra cima é mais seguro” ou sobre a Pastoral, através do site www.pastoraldacrianca.org.br

FONTE: SITE DA ARQUIDIOCESE RJ