Apertem os cintos, a rota mudou!

“Atenção, senhores passageiros, permaneçam em seus lugares até o fim da atracação no terminal de desembarque em Manilha”. A locução da tripulante na cabine de comando é irreal, mas com certeza arrancaria um sorriso maroto de 55% dos passageiros após um dia cansativo de trabalho ou estudo na capital fluminense.

A falência da operadora Transtur, o jogo de empurra sobre os serviços de dragagem para a construção do píer, que deveria ser feito pelo Governo Federal e Barcas S/A, contribuíram para a superlotação do terminal no Centro de Niterói. Atualmente, cerca de 90 mil passageiros passam pelas áreas de embarque no terminal do Centro de Niterói.

Quando surgiu a chance de resolver o impasse, as autoridades privilegiaram a construção de uma plataforma de luxo voltada para moradores da Zona Sul e Região Oceânica de Niterói. Para fazer a travessia, o usuário da linha Praça XV-Charitas desembolsa R$ 12, ida, fora a volta. A escalada na tarifa é considerada abusiva, contudo, foi autorizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

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O sonho de ver um terminal às margens da Niterói-Manilha na altura do Carrefour ou em frente ao piscinão e Shopping de São Gonçalo se perde no horizonte. O governador Sérgio Cabral, em entrevista ao Jornal O Dia, explicou que retiraria dinheiro do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam) para dragar a área onde ficaria o píer, caso fosse necessário.

A prefeitura de São Gonçalo tem planos concretos para integrar os ônibus para chegar até o terminal. Negociações sobre o bilhete único com a secretaria estadual de Transportes e a Fetranspor foram realizadas. Essa é a parte menos problemática de os aspectos do projeto.

Quando comandei a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, acompanhei os estudos de batimetria elaborados pela Companhia Docas, que analisaram o fundo da Baía de Guanabara. A ideia era viabilizar a construção de um porto seco, na altura da Ilha de Itaoca.

Esse trabalho permitiria a atracação de navios de médio e grande porte abriria caminho para a passagem dos catamarãs sociais. Porém, esse casamento entre autarquias, agências reguladoras, governo estadual não vingou. O projeto estrutural do terminal de embarque em São Gonçalo é meramente ilustrativo.

Sua localização, a responsabilidade sobre quem arcaria com os custos – se o Ministério dos Transportes, Minas e Energia, ou a própria Petrobras, que necessita de uma logística eficiente por conta do Complexo Petroquímico em Itaboraí – e a etapa de dragagem do lodo, da poluída baía, ainda é uma incógnita. Depende de licença ambiental.

A prefeitura correu contra o tempo para desapropriar e legalizar a área onde ficaria o porto seco. Somente investido na função de deputado federal, poderia fazer força para trazer recursos necessários. É a peça que falta nesse intrincado quebra cabeça. De Brasília, ficaria mais fácil me debruçar sobre a questão.


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Enquanto isso, o gonçalense se espreme nas plataformas de embarque; é tratado como gado em horário de rush. No verão, os ventiladores recém-instalados nas áreas internas não dão vazão ao calor ofegante. Os usuários são a parte mais fraca da corda que se rompeu faz tempo.