PRINCIPAIS PONTOS DA OIT

04/06/09
1- Neste primeiro dia oficial de Conferência fiz um resumo da fala do Diretor Geral da OIT: Não há empresas privadas sem o Estado; Devemos aprofundar o debate a garantir o Direito de Propriedade; O Estado deve regular as relações entre o Capital e o Trabalho; Devemos responder de forma urgente a crise e isso depende de uma forte mediação social; As desigualdades estão piorando no mundo;A crise não pode interferir na Agenda do Trabalho Decente; Não pode haver desenvolvimento sem uma sólida política de trabalho decente;Os Organismos Internacionais como a OIT estão contextualizados com a Crise? Estão preparados para estruturar respostas rápidas? A Crise precisa ser resolvida com valores, compromissos e AÇÃO; A responsabilidade para combater a crise deve ser coletiva: Governos, Empregadores e Trabalhadores;Ainda faltam 14 paises para ratificar a convenção que combate o Trabalho Infantil; Como lidar com uma Economia Global? A Ausência de estratégias de Proteção Social para o Trabalhador é um sério problema; Economia Global se articula com Justiça e Equidade?Em 2009 o mundo já perdeu 49 milhões de empregos e é preciso gerar 300 milhões até 2015. Estamos atrasados e isso compromete o trabalho das metas do milênio; A Pobreza e o emprego informal não param de crescer; Para a OIT só haverá sucesso econômico com sucesso de uma Política Global de Proteção Social;Há uma crise de Proteção Social e os lideres mundiais não estão percebendo isto; A falta de emprego e de Proteção Social multiplica a violência e as crises políticas atingindo a democracia; O mundo deve fazer um Pacto Global pelo Emprego;O compromisso pelo Trabalho deve ser Coletivo; As Mulheres e os Jovens estão sendo muito prejudicados com a crise do emprego.
2- Estas foram as principais observações que anotei na cerimônia de abertura, mas tenho conversado com muita gente e de fato existe um hiato entre o Debate de proteção Social e a geração de empregos. Se antes a questão do emprego não estava se articulando com a questão social, hoje estas questões devem se somar. Na verdade a OIT resgata o conceito Porta de Saída que no Brasil ainda é pouco compreendido.
3- Não se quer explusar as pessoas da Proteção Social e sim criar condições para a Empregabilidade necessária.
4- Ainda teremos muitos dias de debates, mas estas questões me chamaram atenção e achei que valia a pena compartilhar com vocês.
5- Temas que no mundo e em particular no Brasil precisam ser enfrentados.
6- Mas é fundamental pensar estratégias que fortalecam a idéia de empregabilidade ampliada.
7- Me parece que a gestão das políticas de proteção sociais nao interage com a gestão das políticas de empregabilidade. Vale pensar.


MARCELO GARCIA
PRESIDENTE DO CONGEMAS

Alunos do ProJovem em São Gonçalo recebem uniformes e RioCard


O secretário de Desenvolvimento Social de São Gonçalo, Adolpho Konder, cumpriu o anúncio que fez durante a última entrega de uniformes e carteirinhas aos estudantes do ProJovem Urbano, programa do Governo Federal em parceria com a Prefeitura. No dia 26, ele havia prometido que os estudantes teriam direito ao RioCard e no dia 2, em mais uma visita às salas de aula, entregou a declaração para solicitarem o benefício no Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói. 

O benefício do RioCard foi uma conquista da Secretaria de Desenvolvimento Social do município para evitar a evasão escolar, já que pelo convênio com o governo federal, a Prefeitura é responsável por oferecer somente a bolsa auxílio de R$100 por mês, carteirinha e uniformes. A visita aconteceu nas escolas municipais Estephânia de Carvalho, no Laranjal; Jornalista Alberto Torres, no Rocha, e na Escola Municipalizada de Guaxindiba.

“O município tem hoje um grande potencial na geração de emprego e renda, já que com a chegada da refinaria serão abertas 220 mil vagas diretas e indiretas.  Vocês precisam estar preparados para ocuparem essas oportunidades de emprego que irão surgir em São Gonçalo e Itaboraí”, disse o secretário aos alunos, para depois concluir:

“Sei que é difícil para muitos estarem aqui estudando nesse horário, já que alguns deixam seus filhos em casa, mas esse esforço é em favor do seu futuro”.

O principal objetivo do programa é trazer de volta para a sala de aula, jovens que por  algum motivo, foram obrigados a interromperem seu processo de aprendizagem. Por isso, o secretário fez questão de distribuir as camisas, carteirinhas e também a declaração para adquirirem o RioCard, para lembrar aos jovens a importância da qualificação profissional, como principal meta para alcançar objetivos. 

“Com essa oportunidade eu posso voltar a sonhar. Agora tenho uma perspectiva de vida”, disse a aluna Lidiane da Silva, de 24 anos, que cursa a 5ª série e recebeu das mãos do secretário o material para frequentar as aulas.

O ProJovem Urbano atende a 3 mil alunos de 18 a 29 anos, em 16 núcleos da cidade. No curso, que tem duração de 18 meses, os estudantes concluem o Ensino Fundamental, aprendem Inglês e Informática, além de conhecimentos de Telemática, Vestuário, Alimentação ou Construção e Reparo.

Trecho de um poema lido na celebração inter-religiosa realizada na Catedral de Notre Dame pelos passageiros do vôo 447 da Air France.

Poema “Passos sobre a areia” de Ademar de Barros, poeta brasileiro:


Uma noite, eu tive um sonho,

Eu caminhava pela praia, lado a lado com o Senhor, deixando uma dupla pegada na areia, a minha e a do Senhor.

Veio-me a idéia – era um sonho – de que cada um dos meus passos representava um dia da minha vida. (…) Mas observei que em certos lugares em vez de duas pegadas, havia apenas uma. Então, dirigindo-me ao Senhor, ousei repreendê-Lo:

“O Senhor nos havia no entanto prometido de estar conosco todos os dias!

Por que não cumpristes a vossa promessa?

Por que me deixastes sozinho no pior momento da minha vida?

Nos dias em que eu mais precisava da vossa presença.”

Mas o Senhor me respondeu:“Meu amigo, os dias em que tu vês uma única marca de passos sobre a areia, são os dias em que Eu te carreguei.”

SP: metodistas salvam almas nos subterrâneos

No bairro da Liberdade, uma porta aberta para dentro de um viaduto se transformou numa saída, numa chance para quem não tem mais nada.

O Jornal Nacional está apresentando, nesta semana, uma série de reportagens sobre o trabalho social de igrejas evangélicas que atuam no Brasil. Nesta quarta, você vai conhecer o trabalho dos metodistas nos subterrâneos da nossa maior cidade. Eles estão lá, mas pouca gente vê ou quer ver. Vidas estacionadas nas calçadas, presas no beco escuro da indiferença. “A cidade trata como quem não tem mais chance. Eles olham e falam: ‘Aquele não tem mais jeito’”. É um caminho que parece não ter volta. Viver na rua transforma a vida das pessoas por fora e também por dentro. Sensações de raiva, angustia, fome, medo vão se multiplicando. A prefeitura de São Paulo estima que 12 mil pessoas vivam dessa forma, numa espécie de prisão a céu aberto, nas ruas da cidade. Pois quis a ironia que justamente no bairro da Liberdade, uma porta aberta para dentro de um viaduto se transformasse numa saída, numa chance para quem não tem mais nada.

A escada leva para uma espécie de oásis urbano, repleto de desencontros. “Meu nome é Edileusa Maria de Lima”. “Sou aqui de São Paulo e quero que minha família venha me procurar”. “Estou procurando um primo meu de Minas Gerais”.

Uma chuveirada que revigora. Um tanque para lavar as roupas. Um ferro para passar. Um lugar para trocar a dureza do cimento pelo conforto de um travesseiro.

“Por enquanto, o meu endereço é o armário 59 e daqui a pouco pode ser uma outra coisa melhor. Esse barulho da rua é um terror”, disse o auxiliar de serviços gerais Paulo César Oliveira.

“Quando a pessoa está perdida, ela precisa de um gesto, de alguém que estenda a mão, que demonstre o amor de Cristo de forma prática. É essa fé que nos faz olhar para essa pessoa e entender que ele foi criado a imagem e semelhança de Deus. Se não fosse a fé, não estaríamos aqui”, declarou Marcos Antonio Garcia, pastor da Igreja Metodista.

Esta é fé dos evangélicos da Igreja Metodista, fundada em Londres, no século XVIII. Ela chegou ao Brasil em 1835 e hoje tem 341 mil fiéis. Os Metodistas são conhecidos por serem missionários, por considerarem que o mundo é a sua paróquia e por não perderem a esperança nas pessoas.

“A fé em ação transforma muita coisa, essa é uma crença de quem está nesses trabalhos e essa é uma crença importante porque acaba tendo uma interferência na vida dos indivíduos”, explicou a antropóloga Christina Vital da Cunha, do Instituto de Estudos da Religião.

Quem acreditaria no vigia Antônio José de Souza, afundado nas drogas, alcoólatra, abandonado pela família, mendigando nas ruas uma chance de sobreviver?

“Eu falei assim: ‘Eu posso entrar para tomar um copo de água?’. E ele carinhosamente abriu a porta. Nessa hora, o chão parece que se abre. Essa porta aqui foi o começo de uma vida”.

Antônio foi recebido no abrigo pelo ex-capitão Luiz Pereira de Souza. Condenado a 43 anos de cadeia por assassinato. Diz que conheceu a fé na prisão.

“Dia 15 de dezembro de 95 entrei em pânico e disse que não ficaria mais um dia. Eu lembro da data, porque nesse dia eu tive uma experiência com Deus, em que eu vi Jesus me abraçando e ali pude mudar a minha vida”.

Sem esperar, ganhou um indulto depois de cumprir 14 anos de pena.

“Quando eu vi o documento, estava lá: ex-sentenciado Luis Wilson Pereira de Souza está perdoado de todo o restante da sua pena, pode ir para casa. Nessa hora, desabei, comecei a chorar, e só falava uma coisa: ‘Deus é fiel, Deus é fiel, Deus é fiel’”.

De ex-detento, o antigo capitão passou a ser salvador de almas. Luis deu a Antônio o conforto e a chance de que ele precisava. Mudança iluminada: do esquecimento das ruas para uma vida intensa.

Neste mesmo templo, o ex-mendigo se casou com Tereza, também moradora de rua. Tiveram uma filha, conseguiu trabalho e uma vaga no hotel social da prefeitura. A improvável família sabe exatamente que nome dar para o que lhes aconteceu. “Nós três aqui somos um milagre”, afirmou Antônio.

São 38 anos vivendo na rua. Bastaram três conhecendo a compaixão dos metodistas para que Antônio e Tereza recuperassem a dignidade.

“Eu cheguei a dormir na 23 de maio, naqueles buracos que tem na 23. Hoje, eu moro na Brigadeiro Luis Antonio, Bela Vista”.

Nesta quinta, a gente vai mostrar o trabalho dos batistas e dos adventistas com crianças do Rio de Janeiro.

Fonte: Jornal Nacional (http://globo.com/jornalnacional).


Batistas e adventistas ajudam crianças pobres

Os Batistas são hoje no Brasil 1,5 milhão de fiéis, que frequentam cultos em 7,5 mil templos. Conheça a Associação Evangélica Resgate e Ame, que ajuda crianças de rua a ter um futuro.

O atendimento a crianças é o tema da série especial que o Jornal Nacional está mostrando essa semana sobre o trabalho social de algumas das muitas igrejas evangélicas do Brasil. Nesta quinta-feira, vamos conhecer a ação dos adventistas e dos batistas. O que pode acontecer quando alguém decide, simplesmente, ajudar? Estender a mão para quem precisa. Jovens demais para ter lembranças que só existem em sonhos. O da menina, esta noite, foi com a mãe, com quem não pode mais morar. “A mãe de verdade é bem melhor do que o sonho, porque ela é real. Não estou com ela porque a gente não se deu bem”, a menina conta.
Em uma rua especial, onde casas em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, moram meninos e meninas que foram retirados da guarda dos pais por ordem da Justiça. Crianças que viviam largadas nas ruas, pedindo dinheiro nos sinais de trânsito, sofrendo todo o tipo de violência. Para dezenas de crianças que pareciam não ter futuro, este é seu novo endereço: a Associação Evangélica Resgate e Ame, que poderia muito bem ser chamada de Rua da Esperança ou da Salvação. Hoje, o abençoado pão de cada dia vem pelas mãos dos integrantes da Igreja Batista Brasileira, uma das várias igrejas que derivam da Igreja Batista, fundada no século XVII na Inglaterra. Os Batistas são hoje no Brasil 1,5 milhão de fiéis, que frequentam cultos em 7,5 mil templos. É uma grande família unida pela fé, que tem suas regras. Escola, todos os dias. Depois dos estudos, almoço, aulas de reforço, de música e de dança. Não tinham futuro, hoje sonham até com a universidade. Simone é uma das poucas mães que aparecem por aqui. A filha dela sabe que a esperança de reunir a família de novo está no abrigo. “Eu me mantendo aqui dentro. Vai ser melhor para ela, porque quando eu sair, eu vou ajudá-la, porque, se eu não ficar aqui, eu não vou ter futuro. Quero ser advogada, eu quero defender os direitos das pessoas”, revela Bruna Ferreira, de 13 anos. A rua encantada construída com o cimento da fé no evangelho só existe graças à assistente social Gislaine Monteiro Freitas, coordenadora do REAME. Vinda também de família muito pobre, começou dando atenção e carinho a crianças de rua em um banco de praça. “Tudo começou de forma despretensiosa. Apenas uma rua, mas a coisa foi chegando e a gente conseguiu comprar uma rua para as crianças, uma rua sem sofrimento”, afirma Gislaine. Em uma favela do Rio, seguidores do Evangelho viraram pescadores de crianças mergulhadas na vida violenta do bairro. A função do Centro Adventista de Desenvolvimento Comunitário é ensinar a palavra de Deus e fazer sorrir, por dentro e por fora. A Igreja Adventista foi criada nos Estados Unidos no século XIX e tem hoje no Brasil 1,2 milhão de fiéis. Guardam o sábado para atividades religiosas e valorizam as coisas da natureza. Alimento saudável, sem agrotóxico para as crianças, no segundo almoço do dia. Tem jeito de escola, mas o centro mais parece uma grande gincana, que começa aos 7 anos de idade e vai até os 15, com jogos, brincadeiras e música. Resultado? “Esse lugar é muito gostoso de ficar”, diz uma das crianças. “Mudou muita coisa em mim. Antigamente, eu não sabia contas na escola e depois que fui aprendendo aqui, estou na sétima série e indo em frente”, conta Vinícius, de 14 anos. A transformação que acontece na vida de uma criança não é pequena. São mudanças no corpo e na alma. Há cinco anos, quando o projeto começou, a principal resposta para a pergunta ‘o que você quer ser quando crescer?’ era ‘bandido’. Hoje, bom hoje. “Bombeiro”. “Trabalhar na Aeronáutica”. “Pediatra”. “Médico, para salvar as pessoas da dengue”. O centro começou com uma sala pequena. Hoje, já são 180 vagas para uma comunidade com sede de oportunidade. “Para muitos deles, se não fosse essa ação social religiosa evangélica, talvez não tivessem acesso a esses programas e serviços”, explica Gislaine. Agora outras 500 crianças esperam por uma chance de crescer no rumo do bem, pelas mãos de quem vive na prática os ensinamentos de Jesus. “No mundo de dimensões tão grandes, a gente vê que a gente pode proporcionar uma perspectiva de vida melhor para uma pessoa fazendo tão pouco. Elas têm certeza de que podem ser alguém melhor. Tem uma passagem em Apocalipse que diz o seguinte: não mais ranger de dentes, não mais pranto, nem dor. Aqui é lugar de gente feliz, lugar de sorrir, lugar de esperança”, conclui Glauciete da Cruz Batista, coordenadora do Centro Adventista.
Fonte: Jornal Nacional (http://globo.com/jornalnacional).

A atuação dos luteranos no Rio Grande do Sul

A principal característica da Igreja Luterana é acreditar que a salvação vem apenas pela fé e não como resultado de obras e boas ações. Mas isso não impede a forte ação social no sul do Brasil.
Nesta semana, o Jornal Nacional apresentou uma série especial de reportagens sobre a ação social de algumas das dezenas de igrejas evangélicas presentes no Brasil. Nesta sexta, na reportagem que encerra a série, Flávio Fachel e William Torgano mostram a atuação dos luteranos no Rio Grande do Sul com descendentes de europeus, de negros, escravos e de índios guaranis. Uma bênção que ecoa há 15 décadas numa região de pequenas propriedades em São Lourenço do Sul, a 200 quilômetros de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Eles são descendentes dos pomeranos, povo agricultor que vivia da própria terra na Europa, na região onde agora é a Alemanha. Hoje, a lavoura no Brasil multiplica sorrisos. Mas nem sempre foi assim. A mesma terra que hoje vê prosperidade já foi testemunha de um modo de produção que empurrou os descendentes dos imigrantes para uma situação de dependência. Durante quatro gerações, eles plantaram para patrões, venderam para atravessadores, perderam a relação de liberdade que tinham com a terra.
Hoje, 150 anos depois, a fé que os acompanhou nos barcos das grandes travessias do Atlântico, e que nunca foi esquecida, conseguiu começar a mudar essa história. Uma chegada cheia de esperança nas promessas de terra farta e de felicidade. Nas malas, carregavam o pouco que tinham. Nos corações, traziam uma fé incomum no Evangelho e na Igreja Luterana. “As primeiras igrejas que chegaram ao Brasil são igrejas que vieram a partir de grupos étnicos que foram trazidos para ocupar o lugar dos escravos. Esses grupos trazem suas crenças, criam as suas comunidades e as igrejas começam a se desenvolver”, explicou Maria das Dores Machado, socióloga da UFRJ. A Igreja Luterana surgiu no século XVI, na Europa. Chegou ao Brasil com os pomeranos em 1824. Hoje já são 1 milhão de fiéis em todo o país. Sua principal característica é acreditar que a salvação vem apenas pela fé e não como resultado de obras e boas ações. Mas isso não impede a forte ação social da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Rio Grande do Sul. “A missão desse serviço foi exatamente de resgatar essa fé e uma fé tem que se articular com a vida das pessoas que se concretiza no jeito de se relacionar com a natureza”, disse Ellemar Wojahn, coordenador da IECLB. Com o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, a igreja, de certa forma, devolveu aos fiéis a capacidade que os antepassados perderam: de sobreviver da terra sem depender de ninguém. “Foi Deus que fez a natureza, foi Deus que fez em seis dias, no sétimo descansou e a deixou para nós para trabalhar e ganhar o nosso sustento”m afirmou o agricultor Romil Mühlenberg. Seu Romil vive na terra que já foi de seu pai, do avô e do bisavô. Nunca abandonou a leitura da Bíblia. Na lavoura, o resultado do que está aprendendo com os irmãos luteranos: uma nova forma de produzir, sem agrotóxico. “Se não fosse a igreja, a gente não estava nessa da agroecologia”. E a produção é vendida direto para o consumidor, na Feira dos Luteranos, no Centro de Pelotas. Vantagem? O lucro de cada um não é dividido com mais ninguém. Mas o ganho maior para todos eles vem na esperança de ver a família continuar unida na fé e na terra dos antepassados. “Agora eu sinto orgulho muito grande de estar na lavoura com meus filhos acompanhando. Eu acredito que daqui a 50 anos os meus netos estarão trabalhando aí”, projeta Seu Romil. “A igreja tem essa pretensão de criar condições para que as famílias tenham possibilidade de ter renda e uma vida digna no meio rural”. E ainda sobra para ajudar a quem precisa. Depois do culto, moradores pobres da região recebem cestas de alimentos doados pelos agricultores luteranos. “É uma sensação de que Deus está sempre com a gente apoiando, ajudando”, disse a desempregada Santa Janete Maia. Estar com quem precisa. Os fiéis da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Rio Grande do Sul decidiram também estender a mão para mais gente que depende da terra no estado. Descendentes de escravos, esquecidos nos quilombos, e os índios guaranis que, depois de perderem as terras, viraram mendigos de beira de estrada. Entre duas comunidades tão diferentes, muitas semelhanças. “O Brasil tem uma dívida social e a igreja também tem uma dívida social com essas populações tradicionais que foram excluídas e marginalizadas que não têm lugar ainda hoje na sociedade”. Preocupados com o mais básico – sobreviver – índios e quilombolas foram deixando os costumes para trás. Agora, os luteranos ajudam essas pessoas a se reencontrar com a própria cultura. Estimulando os mais velhos a ensinar o que sabem aos mais novos. Assentados na reserva, os índios tiveram sorte. Podem agora ensinar às crianças guaranis que seu povo vive da terra. E que apesar do que sofreram com os brancos, continuam de braços abertos a quem quiser vir ajudar. "Somos da tribo Tekoaporã e convidamos você a nos visitar", cantam os pequenos guaranis. Uma lição de amor e solidariedade. “Jesus não perguntou se era difícil, onde estava, como é que era, que cor que tinha. Foi buscar e a gente tem que seguir esse exemplo, estar permanentemente nessa busca da ovelha perdida”, , declarou Rita Sorita, coordenadora da Igreja. Na reportagem de quinta, nós mostramos o trabalho dos batistas com crianças que foram afastadas dos pais pela Justiça e também apresentamos o trecho de uma entrevista com a socióloga Maria das Dores Machado. Ela observou que a doutrina pentecostal enfatiza a capacidade do indivíduo de desenvolver o dom do Espírito Santo. Só que nós mostramos esse trecho logo depois de explicar as origens da Igreja Batista e aí ficou parecendo que a Igreja Batista seria pentecostal. Mas isso não é verdade. A socióloga se referia a outras igrejas. Os batistas têm origem na Inglaterra, no século XVII, valorizam o batismo na idade adulta e adotam princípios comuns ao protestantismo.
Fonte: Jornal Nacional (http://globo.com/jornalnacional)