A procura por mão de obra

Com o aquecimento da economia e a geração constante de empregos, a procura por mão de obra especializada vem crescendo mais do que a capacidade do ensino de atendê-la. As instituições de ensino privadas dominam a cena, mas é preciso mudar a visão do papel – hoje coadjuvante – do poder público na oferta de cursos técnicos gratuitos. A referência no sistema de ensino técnico ainda são aquelas mantidas por entidades da indústria do Sistema S (Senac e Senai, por exemplo).


Elas são referências para estudantes, desempregados em busca de recolocação no mercado de trabalho. Porém, os cursos são caros para grande parte da população de baixa renda. É preciso estimular a construção de novas unidades da Faetec, Cefet e dos Centros de Vocação Tecnológica (CVTs). A quantidade de unidades cresceu desde o início do governo de Cabral – tanto que esses polos são citados como realização de governo na campanha eleitoral –, mas são necessários novos investimentos na educação.

As riquezas da exploração do petróleo na camada do pré-sal criou, nos últimos dois anos, cem novos cursos superiores, a maioria em instituições privadas, voltados para o setor petrolífero, de acordo com Ministério da Educação. A maioria de tais cursos destina-se à formação de tecnólogos, em cursos de menor duração que os de bacharelado universitário.

Esse modelo dos “junior colleges” foi criado nos Estados Unidos ainda no século 19. A ideia era capacitar alunos do ensino médio, antes de entrar na faculdade. Com duração de dois anos, os cursos profissionalizantes servem para conquistar empregos, às vezes muito bons. Se gostar da carreira, o tecnólogo complementa os estudos com um bacharelado. Ou seja, o técnico de hoje pode ser o engenheiro de amanhã, com mais prática em campo.

A oferta, porém, é ainda muito limitada. Existe ainda o preconceito contra os licenciados por esses cursos. A Petrobras é um exemplo que não aceita tecnólogos para cargos de nível superior. A empresa só admite a inscrição de tecnólogos nos concursos que exigem formação média. Estimativas mostram que até 2013, a Petrobras precisará de profissionais de 185 categorias diferentes para preencher 207 mil novos empregos. Parece improvável que consiga formá-los só com o Programa Nacional de Qualificação da Indústria Petrolífera (Pronip).

É preciso valorizar professores com reajustes no plano de cargos e carreiras já vigente, oferecer vale-transporte e arcar com os custos de alimentação do professor, coisa que a rede estadual ainda não faz. O piso nacional do professor do ensino básico é menos da metade do reivindicado pelos sindicatos dos professores e maior que o desejado por estados e municípios. No Congresso, vamos lutar sempre em diálogo com o sindicato para reajustar esse piso.

O socorro está nos recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), do Ministério da Educação. Aposentados, membros do poder judiciário conquistaram aumentos. Essa queda de braço também será ganha pelos professores.

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