Meninas e meninos de até dois anos de idade violentados pelo padrasto com o conhecimento da mãe; crianças contaminadas pelo HIV após serem abusadas por integrantes da própria família; adolescentes traumatizados, com dificuldades na escola e com pesadelos constantes. Esses são apenas alguns dos casos lembrados durante o Fórum de Debate sobre Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, promovido pela Prefeitura Municipal de São Gonçalo, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. O evento que marcou, ontem, o Dia Nacional de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes na cidade chamou a atenção para o grave problema.
Durante o evento, na sede da OAB em São Gonçalo, foi apresentada pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que servirá de base para a promoção de políticas públicas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. De acordo com a pesquisadora e psicóloga, Joviana Avanci, embora não haja estatísticas específicas sobre violência sexual contra crianças e adolescentes, os casos em São Gonçalo são alarmantes.
A pesquisa realizada em escolas públicas e particulares da cidade, sobre violência em geral contra adolescente, incluindo sexual, ouviu 2000 jovens. Cerca de 30,5% afirmaram sofrer violência física severa pela mãe e 16,2% pelo pai. Já entre as 500 crianças pesquisadas em escolas públicas, 58,2% admitiram ter sofrido violência física severa por parte da mãe e 25,5% praticada pelo pai. O levantamento constatou que, dos casos registrados, a grande maioria pertence às classes C, D e E.
“As consequências para os menores abusados sexualmente são muito graves: sofrimento, saúde mental abalada, problemas com sexualidade quando adultos, relações de confiança prejudicadas, desempenho educacional e profissional fraco e muitos outros traumas”, afirmou a pesquisadora da Fiocruz.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Social de São Gonçalo, Adolpho Konder, combate à violência sexual será a principal bandeira da secretaria.
“Não adianta só discutir esse grave problema neste dia. Precisamos pensar nisso diariamente. Dos crimes hediondos, este é um dos mais graves, porque rouba parte da vida da criança. A Secretaria, com o apoio da prefeita Aparecida Panisset, vai mobilizar todos os setores da sociedade civil organizada, dos governos, das igrejas e do parlamento para combater o problema”, disse Adolpho Konder. O secretário também fez um apelo à população para que denuncie os casos de violência.
“Que todo o dia seja um dia de combate contra a violência sexual contra crianças e adolescentes”, concluiu Konder.
Durante o Fórum, 20 crianças atendidas pelo Programa de Erradicação Infantil (PETI) da Secretaria de Desenvolvimento Social de São Gonçalo fizeram uma emocionante apresentação musical, com o coral de crianças que cantou canções de esperança. O PETI atende crianças vítimas de trabalho escravo, violência sexual e do tráfico de drogas, oferecendo aulas de reforço, música, dança, esportes e outras atividades culturais.
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