Entrevista jornal O São Gonçalo


‘Quero dar uma atenção especial para as famílias’

Depois de quatro anos como articulador político da prefeita Aparecida Panisset (PDT), Adolpho Konder assumiu há três meses a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), que é uma das mais destacadas pastas da administração pedetista em São Gonçalo. Com um orçamento superior a R$ 2 milhões, Konder anunciou que a família gonçalense será o foco de sua gestão. O secretário também garantiu que a questão da dependência química terá atenção especial da Secretaria, através de vários projetos como o ‘Amigo na Linha’. Sobre as eleições de 2010, Konder afirmou que ainda é cedo para pensar em candidatura, apesar do seu nome ser cotado ao cargo de deputado estadual nas próximas eleições.
O São Gonçalo - Quais os planos da Secretaria de Desenvolvimento Social para 2009?
Adolpho Konder - Assumi em janeiro com algumas filosofias para implantar, como a valorização dos servidores municipais lotados na secretaria através de cursos de capacitação. Porém, nosso eixo principal será dar atenção especial às famílias gonçalenses. Esse trabalho será feito em nossos 11 Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que funcionam em Alcântara, Centro, Engenho Pequeno, Guaxindiba, Itaóca, Jardim Catarina, Neves, Salgueiro, Santa Izabel, Tribobó e Vista Alegre.
OSG - Quantas famílias são atendidas pelos Cras?
AK - Atendemos mais de cinco mil famílias por ano em cada Cras. Mensalmente, nossa média é de 500 famílias.
OSG - A pasta tem algum projeto voltado para a questão da dependência química?
AK - Vamos começar a capacitação do atendimento em nossos Cras, para que possamos fazer a abordagem na questão da dependência química. Os números de dependentes químicos na cidade são assustadores. Além de
fazermos convênios com entidades que cuidam desse problema, estamos lançando projeto chamado ‘Amigo na Linha’, que tem o objetivo de atender pessoas solitárias. Pelas estatísticas, muitos dependentes procuram as drogas por causa da solidão.
OSG - A Secretaria já tem uma ‘radiografia’ do problema da dependência química em São Gonçalo?
AK - Dificilmente uma pessoa assume ser dependente química ou ter sido usuária de drogas. Como não temos muitos dados sobre este assunto, estamos buscando parcerias com universidades para começarmos
a trabalhar com estes dados. Já firmamos parceria com a Universo, que colocará 80 estagiários
em nossos Cras. Eles nos auxiliarão no levantamento dessas informações.
OSG - O ‘Amigo na Linha’ já está funcionando?
AK - O projeto já está atendendo a população pelos telefones 3262-3698 e 3262-3693. O ‘Amigo na Linha’ está dando seus primeiros passos e mais à frente iremos fazer o seu lançamento oficial. Por enquanto o
serviço funcionará em horário comercial e pretendemos que ele se torne 24 horas. Também estamos trabalhando junto a Embratel para obtermos um número 0800 (discagem direta gratuita).
OSG - O orçamento da Secretário Adolpho Konder pretende valorizar os Centros de Referência de Assistência Social SMDS é suficiente para implantar todos estes projetos?
AK - Além da dotação municipal superior a R$ 2 milhões, a Secretaria também dispõe de recursos federais que custeiam os 11 Cras, o Peti e o Bolsa Família, que atende 38 mil famílias gonçalenses.
OSG - Desde janeiro, o senhor ocupa uma das principais pastas da administração municipal. Como foi a passagem de articulador político (chefia de gabinete) para o Executivo?
AK - Acho que cumpri uma etapa no período (quatro anos) em que estive responsável pela articulação no mandato anterior da prefeita Aparecida Panisset (PDT). Agora estou em outro papel, que é atuar em um cargo de execução.
OSG - A mudança de função foi um pedido seu?
AK - Na verdade foi um conjunto de coisas a partir do entendimento dentro do meu partido (DEM) e a prefeita Aparecida Panisset. Mas eu também estava com vontade de mudar de função. Aliás, esta é a primeira vez que atuo na área do desenvolvimento social.
OSG - Qual o balanço desses três meses à frente da Secretaria?
AK - Positivo. Estou muito animado. A SMDS é uma pasta que poderá evoluir muito em questões que consideramos fundamentais como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo
implantado em Itaboraí. Quem trabalha na área da assistência social no entorno do Comperj, tem que ficar diretamente preocupado com os problemas que poderão surgir.
OSG - Quais são as suas principais preocupações com a vinda do Comperj?
AK - O Complexo Petroquímico vai trazer muitos benefícios, mas teremos que ficar atentos para evitarmos a criação de bolsões de miséria, como ocorreu em Macaé, no Norte Fluminense. Acho que em nossa região, a Petrobras tem trabalhado de maneira mais planejada. Mesmo assim não podemos
deixar de cobrar da estatal e ficar atentos. São Gonçalo pelo seu tamanho é a cidade que mais deve ficar atenta entre as demais que serão beneficiadas pelo Comperj na questão dos problemas sociais. A
Secretaria terá papel fundamental de buscar junto à Petrobras e aos gestores do Complexo Petroquímico,
caminho para que a cidade não pule de 1 milhão para 1,5 milhão de habitantes e mais problemas sociais. Quando temos um projeto como o Comperj, é necessário contrapartida social grande.
OSG - Qual foi o cenário encontrado na questão social?
AK - Nesse ano temos uma particularidade, que é crise econômica mundial batendo à nossa porta, que não pode ser negada. Esse será o desafio de todo governante e também da prefeita de São Gonçalo. Tal situação aumenta mais o papel da nossa Secretaria em um momento que o Brasil e o mundo vivem dias de crise. Assumi neste cenário e teremos que conviver com ele. Assistiremos uma redução de investimentos,
que atingirá toda a área social.
OSG - Qual a principal necessidade da Secretaria?
AK - A prefeitura vai realizar concurso público esse ano. Na área de assistência social existe a necessidade inicial de 40 profissionais no mínimo. Esses profissionais (assistentes sociais, pedagogos e psicólogos) atenderiam nas unidades dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
OSG - Comandando a Secretaria, o senhor tem como traçar uma ‘radiografia’ de São Gonçalo. Isso ajudaria nas suas pretensões políticas para 2010 ou 2012?
AK - 2010 ainda está muito distante. Agora tenho que trabalhar e não estou pensando nas eleições do ano que vem. Tenho um desafio maior, que é colocar a nossa secretaria para trabalhar e transformá-la
numa pasta modelo, buscando parcerias e fazendo os nossos programas funcionarem bem. Minha meta juntamente com a prefeita Aparecida Panisset é trazer mais desenvolvimento social para São Gonçalo.

Fonte: Jornal O São Gonçalo (publicado em 06/04/2009).
Foto: Maurício Ferreira.

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