Por Mauro Justino, Sociólogo
Martin Luther King, jr. nasceu em 15/01/1929 em Atlanta, Geórgia, de uma família tradicional negra, classe média alta, sempre teve todos os luxos e mimos dispensados para uma criança rica, assim como, durante sua juventude nada lhe faltou materialmente falando. Seu pai, que tinha o mesmo nome, era um fazendeiro próspero e um Pastor Evangélico da Igreja Batista, tendo fundado o Rito Batista Ebenezer, fundamentado nas Sagradas Escrituras do Rei David, onde se diz “que quem canta e dança, ora duas vezes”.
Dr. King, formou-se em Sociologia, tendo feito após Mestrado em Teologia e em seguida PHD em Filosofia. Daí, ser reconhecido universalmente com Doutor. Seguindo os passos do pai, Dr. King tornou-se Pastor em 1954 da Igreja Batista de Montgomery, Alabama. Lá criou com sua natural liderança um círculo de amizades entre os negros ricos do local. Ocorre que havia, na época, leis segregacionistas, que discriminavam entre outras coisas, até os acentos de ônibus que os negros podiam usar, desde que, não houvesse brancos em pé. Em uma viagem normal de final de expediente operário, uma bela jovem negra e pobre, Rosa Parks, estava sentada no fundo do ônibus muito cansada, quando uma pessoa branca lhe pediu o lugar e ela negou, sendo por isso presa. Era o ano de 1955.
Os negros pobres já haviam sabido da fama de líder do Dr. King. Mais que isso, que era um homem rico de hábitos finos, mas, ao mesmo tempo, muito humilde de coração e sempre pronto a ouvir os que passavam por dificuldades. Os negros então se reuniram e pediram a ajuda ao Dr. King, que apesar de jamais ter usado ônibus, articulou a liberação de Rosa Parks (que anos mais tarde foi condecorada pelo Presidente Bill Clinton, com a maior Honraria dos EUA), conclamando a seguir uma greve que durou 381 dias sem que nenhum negro usasse ônibus. Esta greve contou com o apoio dos negros ricos, que usaram seus automóveis para dar carona aos pobres, concomitantemente com patrocínio do uso de bicicletas. Após a greve, que teve vários conflitos entre os negros e a força policial, a Suprema Corte Norte-Americana declarou o fim da Lei de segregação em ônibus.
Com seu destino totalmente alterado daquele para o qual tinha se preparado, Dr. King fundou em 1957 a Conferência de Liderança Cristã do Sul, com o intuito de instituir a igualdade racial nos EUA. Inspirado nos ideais de não violência de Mohandas Gandhi (mais conhecido por Mahatma Gandhi), Dr. King dividiu opiniões entre os negros. Neste momento, encontra apoio na Igreja Católica Apostólica Romana.
O Presidente dos EUA, John F. Kennedy, apoiou a luta do Dr. King. Como Kennedy era um grande católico, a Igreja de Roma através da Liga Católica do Sul dos EUA passou a dar suporte para as ações de King. Quando o Dr. King caminhava em suas Marchas contra o racismo, ele e sua esposa Coretta Scott King, uma mulher belíssima, rica e elegante, eram apedrejados e insultados pelos negros pobres e brancos. Ao lado dos dois, de braços dados estavam os padres católicos, que não recuaram diante da violência assustadora de parte da população. O casal Kennedy e o casal King eram um modelo de beleza e riqueza do sonho americano. Sem entender esta atitude por parte da população pobre, Dr. King tomou uma das mais polêmicas atitudes de sua vida, mesmo contra a opinião dos amigos e família, resolveu ir morar por dois meses em uma favela norte-americana, como forma de entender o porque de algumas pessoas chegarem ao ponto de negar o progresso e o bem estar social, pregando mesmo melhorias em favelas, ao invés de corretamente eliminá-las por completo, criando bairros onde os Direitos Civis existam.
Dr. King seguiu seu legado, mesmo após a morte de Kennedy, até juntamente com o Presidente Lyndon Johnson assinar a Lei dos Direitos Civis. É uma lei de influência inimaginável, pois em vários países até os dias de hoje, incluído o Brasil, ainda se discute os Direitos Humanos, ou seja, se estudam formas de classificação para humanos e não humanos, para aqueles que podem e aqueles que não podem. Uma tese do final da II Grande Guerra Mundial, que admite inclusive, a existência de favelas.
Dr. King foi morto em 04/04/1968. Após esta tragédia de proporções bíblicas, a Igreja Católica continuou com seu trabalho junto às comunidades carentes dos EUA, em especial a dos negros. Obama foi criado neste ambiente. Não que fosse carente, pelo contrário, tanto pai, quanto mãe, eram bem financeiramente, mas o afastamento do pai lhe fez sentir na pele aquilo que por várias vezes, durante a campanha, classificou como um flagelo da população negra: O pai ausente que deixa a mãe sozinha com os filhos para criar. Impulsionado por um bom coração, Barack Obama, realizava trabalhos sociais com famílias carentes americanas, tendo assim contato com o lado partidário de organização deste tipo de filantropia. Com o tempo, ajudado pela esposa, conseguiu institucionalizar este trabalho filantrópico, através de mandatos políticos, alcançando assim a Presidência.
Obama sempre deixou claro que sua inspiração veio do Dr. King. É visível em sua conduta, a influência dos projetos católicos dos anos setenta, em que se inseriam jovens negros carentes em escolas da elite e que os padres (muitas vezes brancos) em suas paróquias, em suas peregrinações, substituíam o papel do pai negro ausente e também do próprio Estado, que insistia na existência de favelas desumanas e áreas de exclusão.
Quando Barack Obama tomou posse como presidente, na semana de Martin Luther King, jr., não só homenageou o Dr. King, mas, também, a Igreja Católica Apostólica Romana, que ajudou a tornar possível o sonho americano. Obama e Michelle não enfrentaram apedrejamentos nem xingamentos, não levaram tiros nem facadas por serem ricos, famosos e bonitos. Mas foram os exemplos de Martin Luther King, jr. e da Liga Católica do Sul, exemplos que Michelle e Obama assistiram ainda muito jovens, onde brancos e negros mudaram um país de braços dados, que os fizeram chegar aonde chegaram, sem um discurso feito só para este ou aquele. Mas apenas seguindo em velho exemplo, de Jesus Cristo. Levai o Evangelho a toda Criatura.
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